Outro dia postei no Insta uma frase que dizia "Por mais que a vida às vezes se esforce para provar o contrário, eu decido seguir acreditando" e uma seguidora comentou dizendo em como isso é difícil às vezes. E eu concordo. Eu concordo plenamente que tem épocas na vida em que seguir acreditando, confiando e rezando para um poder desconhecido que parece que simplesmente nos ignora de todas as formas possíveis, é um tanto desafiador. Nos sentimos indignos, negligenciados, tolos. Nos pegamos sem forças, sem boas perspectivas para o futuro, sem esperanças. 

A fé se foi. E com ela se foi também a nossa alegria, o nosso entusiasmo pela vida. Eu já passei por um momento assim também, mais de uma vez, extremamente difícil e desafiador, onde todos os dias eram de luta, nada parecia fluir, eu exercia várias atividades simultâneas e a prosperidade não vinha, ninguém se chegava, eu me sentia nitidamente vivendo em um deserto: nada florescia, nada prosperava, era solitário, angustiante, eu não enxergava a saída. E eu me enfurecia, me irritava, esbravejava contra Deus, as pessoas, o Universo. Me sentia amargurada, uma vítima. Injustiçada pela vida e abandonada por Deus. E eu precisei chegar à exaustão absoluta do meu ser, à falência múltipla dos sentidos: espiritual, financeiro, mental. Ao esgotamento físico do meu corpo, para que, em uma tarde, eu entregasse os meus pontos e jogasse a toalha. Decidi, então, ter uma definitiva e clara conversa com Deus. Comecei assumindo o que estava acontecendo, disse: "Deus, então é isso. Estou exausta, na lona, não tenho mais forças para lutar. E não quero mais viver em luta. Pelo contrário, quero viver em harmonia, em paz. Estou me arrastando por um árido deserto, estou com medo, triste, me sinto em uma falência total." E vocês não imaginam como foi aliviador, libertador e forte, admitir que as coisas não estavam bem, ao invés de negar o tempo todo, em uma queda-de-braço com o Universo. Esse foi o início da rendição e permitam-me frisar aqui: Não teve absolutamente nada a ver com *religião*, esse texto é sobre FÉ.

Senti uma leveza tão imediata que decidi continuar no diálogo: "Deus, minha fé hoje está enfraquecida, não a sinto mais forte e latente, porém, minha mãe me disse uma vez que há um versículo bíblico que fala ' Eu asseguro que, se vocês tiverem fé do tamanho de um grão de mostarda, poderão dizer a este monte: 'Vá daqui para lá', e ele irá. Nada será impossível para vocês.' então, estou aqui, não tenho mais nada, somente uma fé do tamanho de um grão de mostarda. Se é possível que o seu Amor e poder restauram vidas, restaure a minha, Deus. Sem resistência, somente aceitação. Me ajude a atravessar o deserto".

Acredito que tenha sido a confissão mais difícil e sincera que fiz para Deus na vida. E olha que eu faço muitas. E é isso que venho dizer pra você hoje, que não tem problema sem a sua fé está enfraquecida, que nesse momento pareça impossível ver ou sentir algo de bom, porque as provações que passamos aqui nesse mundo são realmente pesadas algumas vezes, mas se algum dia você já teve fé, pegue esse grãozinho de areia e entregue ao Universo. Faça a sua rendição, solte todo esse peso de existir, admita a sua dor, olhe para as suas feridas, assuma que está na lona e então, solte as correntes. Entregue para Deus as suas preocupações. Peça ajuda para atravessar o deserto, peça por ACEITAÇÃO, para que o fardo de tudo que não podemos mudar, seja aliviado. 

E eu vou te dizer uma coisa do fundo do coração, Deus não só restaura nossas vidas, como Ele ERGUE vidas completamente novas para nós. Sendo assim, querido e amado leitor (a), não tema os finais. Acredite nos recomeços.

Talvez você não consiga fazer isso em um dia, mas você pode escolher fazer esse movimento de soltar, entregar, confiar e agradecer, todos os dias. Porque eu aprendi que a fé também é um processo, requer aprendizado, treino, prática. Então, aqui te convido a praticar a sua fé. A estimular seus bons sentimentos. E a parar de lutar contra o mundo, contra a Vida. No Taoísmo temos a filosofia do WuWei, que em tradução livre quer dizer "A arte da não-ação" que é justamente o soltar o ego, os desejos, as mágoas, os problemas e observar; deixar-se fluir com o rio da vida, sem resistência. 

Talvez os seus problemas não desapareçam, mas com certeza você se sentirá mais forte e disposta para enfrentá-los.

Com amor,

Bruna Lunevie